Projeto Orientalismo: Vinte anos [1998-2018]


Em 2018 o projeto orientalismo completou vinte anos de funcionamento. Esse é o momento para um balanço oportuno de suas produções e de sua continuidade.

Quando começou?
Era o início da internet, com acesso a rede por conexões discadas. A iniciativa surgiu por meio do Projeto Virtual CIANO [Centro de Investigação em Antiguidade Oriental], e nossa proposta era dupla: publicar materiais sobre China e Índia e congregar pesquisadores nesse campo. Inicialmente, a página foi abrigada no geocities [extinto], da Yahoo.com. A primeira versão foi feita em 1998.

O primeiro formato: muito verde! 

Dadas as dificuldades naturais que existiam na época [fontes disponíveis, emails, difusão da internet], o projeto publicou algumas traduções e conectou um pequeno número de especialistas.

Mudanças
Em 2000, mudamos o nome para Projeto Orientalismo, em função da orientação teórica baseada nas obras de Edward Said e Raimon Panikkar. O projeto foi transferido primeiro para a base kit.net [extinta], e depois, para a hospedagem no site vila.bol [extinta], de modo a manter o acesso gratuito e expandir o espaço para materiais. Durante dois anos, o projeto possuiu o domínio orientalismo.com. Nesse período, começou o vasto levantamento das obras disponíveis em português sobre China e Índia, focando principalmente na História Tradicional. As obras de domínio público e/ou esgotadas ou com direitos livres foram gradualmente digitalizadas, formando o corpus de fontes disponibilizadas.

Primeira versão kit.net

Já atualizado, mas ainda numa página só

Em transição para a vila.bol


Ampliação
Com a ampliação do quadro de fontes, o projeto desdobrou-se na criação de páginas diferentes, para atender as demandas específicas: Sinologia, Indologia e Orientalismo. Em 2003, foi criada também uma página sobre Afrologia. Em 2004, as páginas foram subdivididas em sites sobre história e sites apenas com corpus textuais, de modo a melhorar a visualização dos materiais. De modo a separar minha produção pessoal do projeto, foi criado o sítio Sinorama [depois, Cathai até 2007; em 2011 Escritos Sínicos; atualmente, Sinografia], que abriga minhas publicações particulares.

Páginas novas, por áreas

Primeira versão individual

Cathai.net, até 2007

Institucional
Com minha ida para o Paraná em 2006, o Projeto foi institucionalizado na FAFIUV [Hoje, UNESPAR] de União da Vitória. O projeto ficara assim definido:

O Projeto Orientalismo se trata de um projeto de Extensão, dedicado a publicar artigos acadêmicos e ensaios em Hipertexto, bem como disponibilizar para consulta em meio eletrônico, de forma absolutamente gratuita, materiais e fontes sobre História e Cultura Asiática, notadamente das Civilizações Chinesa e Indiana. Nosso objetivo é a construção de um diálogo intercultural com os modelos historiográficos asiáticos, tendo em vista suas características particulares, suas especificidades e diferenças em relação aos modelos ocidentais. Foram definidos como objetivos:
Objetivo Geral: Continuar um veículo de ampla difusão e alcance referente aos estudos em História Asiática, que sirva como referência teórica e metodológica auxiliar ao processo de formação do alunato.
Objetivos Específicos: Orientar, propor e discutir atividades relacionadas ao estudo da linha temática, através de encontros regulares (orientações) ou da oferta de disciplinas optativas relacionadas ao tema; Servir de veículo para a promoção das produções intelectuais dos integrantes, bem como servir de referência para a associação de docentes e discentes interessados no compartilhamento da experiência do estudo. [Versão do Projeto, 2008]

Cabeçalho da página institucional

Todas as páginas foram realocadas na plataforma blogger, mantendo caráter gratuito de seu acesso.

Acesso atual:

Foi mantida a separação entre materiais primários e secundários, e o sítio Afrologia encerrou suas atividades, graças ao surgimento de outros sítios com materiais do mesmo gênero. Foram criados ainda o Projeto Antiquitaes [com textos sobre Antiguidade Tardia] e Projeto Clássicas [com os materiais de História Antiga disponíveis na biblioteca da instituição].

Em 2011, o livro Cem textos de História Chinesa foi escolhido para publicação em meio físico pelo governo do Paraná, sendo produzido em conjunto pelo Projeto e pela editora Kaygangue.

Em 2014, o projeto publicou o seu primeiro livro em conjunto com outro núcleo de pesquisa: Visões da China Antiga, contendo ensaios de pesquisadores brasileiros, da China, Eslovênia, Portugal e Israel, feito em parceria como Grupo leitorado Antiguo da UPE.

Estatística
Somando o acesso feito a todas as páginas do Projeto, tivemos mais de meio milhão de acessos contabilizados entre 2006-2015. Apesar de ser um bom indicativo de visitação para pesquisas, a média é baixa em termos de internet, demonstrando a persistência de um interesse pontual nos temas propostos. Todavia, o projeto continua único em seu campo, identificando poucos sítios análogos na rede.

Nova casa
Em 2015, como minha transferência para a UERJ, o projeto encerrou sua fase institucional no Paraná e foi transferido para o Rio de Janeiro. O projeto expandiu-se: foi criada uma página sobre Japão Imperial e outra sobre fontes para Antiguidade Oriental.

Primeiro Logo na nova versão RJ

O projeto colaborou dando suporte e estrutura aos Simpósios Eletrônicos de Ensino de História do LAPHIS [Laboratório de Aprendizagem Histórica] da UNESPAR, contando quatro edições. Em 2017, foi organizado o primeiro Simpósio Eletrônico de História Oriental, que conheceu sua segunda edição em 2018. As duas edições deste simpósio já tiveram mais de sessenta mil acessos, e produziram cinco livros, congregando pesquisadores nacionais e estrangeiros.

"The book is on the net..."

 
Ponderações
Já são, portanto, vinte anos de ação ininterrupta na rede, promovendo a divulgação científica das culturas asiáticas de forma inteiramente gratuita. Com a raríssima exceção do livro 'Cem textos de História Chinesa', o projeto nunca recebeu qualquer fomento de agências públicas ou particulares, e foi todo feito e produzido a partir da iniciativa própria. Tentou-se, ao longo de um ano [2017], via crowdfunding, arrecadar recursos para novas digitalizações, mas sem retorno.

É necessário, pois, pensar – e repensar – a função e os destinos do Projeto. Embora seja um repositório de fontes academicamente válidas, há que se perguntar o sentido e o interesse da promoção desses temas e materiais. Apesar da demanda premente por fontes ligadas as tradições chinesas e indianas, o público pontualmente interessado nesses campos tem buscado materiais de última hora – ‘atualizados’, mas em sua grande parte, de baixa qualidade.

Qual deve ser, então, o futuro de um projeto voltado ao passado? Como aproximar o que está distante?

É o que será meditado, nesse longo ano de 2019.